No dia 30 de junho
foi votada na câmara de deputados uma emenda aglutinativa referente à redução
da maioridade penal. Nesta oportunidade, movimentos de estudantes e movimentos
de esquerda se organizaram para comparecer na “casa do povo” e fazer pressão
popular. Houve a votação e a emenda não foi aprovada, pois para que seja feita
uma alteração na constituição é necessário mais de 60%, quantidade que não foi
alcançada. Foi perceptível que a maioria dos deputados estavam favoráveis a redução da maioridade penal, mas
por que não podemos aceitar essa redução? Vamos comentar um pouco sobre isso
para depois apresentar a manobra que o presidente da câmara de deputados,
Eduardo Cunha, articulou. A redução da maioridade penal, busca prender um grupo
específico da sociedade brasileira, os adolescentes negros e pobres. Pois a
juventude que mais sofre com a deficiência do acesso à educação, à cultura e ao
lazer é a juventude das periferias, que em maioria são compostas por negros. Os
ricos são os ditam para os políticos as regras que eles querem, os poderosos
não têm escrúpulos nem compromisso com valores da solidariedade. Suas ideias
propõem combater a violência, fruto da miséria humana, com a violência
institucionalizada. Isso é tão antigo quanto as sociedades dividas em classes.
A mídia onipresente e burguesa no Brasil procura impor a ideia de que o
encarceramento é solução para combater a violência, mas quando perguntam a
população sua opinião sobre os presídios, não há uma resposta que considere que
o sistema carcerário no Brasil seja algo positivo ou recuperador. Então por que
prender um adolescente? Temos que criar a partir da realidade as soluções, ou
seja, dado que os presídios (reclusão) não alcançam uma alternativa temos que
desenvolver outras formas, partindo da ideia de que a juventude que seria
encarcerada já é uma juventude que nasce excluída da sociedade capitalista.
Achamos então que o investimento em cultura, lazer, educação,
profissionalização, podem vir a servir de incentivo à juventude, para que não
tenhamos adolescentes com potência de se tornarem vítimas das mazelas da atual
sociedade capitalista, ou seja, tornarem-se criminosos. Devemos buscar formas
de resolver os problemas de formas objetivas, acabando com o que dá origem a
criminalidade, porque a redução da maioridade penal e o encarceramento não são
medidas resolutivas, levando em consideração o número de reincidência dos
ex-presidiários. É ilusão achar que teremos a diminuição da violência
resolvendo o efeito, temos que buscar resolver o gerador da criminalidade. A
desigualdade econômica tem uma forte influência. Podemos ver que os países com
maior índice de disparidade social são os mesmos que detém o maior índice de
criminalidade, portanto nossa luta deve ter como norte uma ofensiva para acabar
com a escravidão assalariada em que os ricos nos impõem, não podemos ter a
falsa ilusão que dentro do atual modelo, onde os ricos exploram os
trabalhadores, encontraremos uma saída advinda dos problemas que os próprios
ricos construíram para os trabalhadores, não! É exatamente ao contrário. A
redução da maioridade penal não vai diminuir a violência, há países que
crianças com 12 anos podem ir para prisões e nesses países os índices são
proporcionalmente comparáveis aos índices brasileiros, vale lembrar que o
Brasil está entre os cinco países com os maiores números de presos do mundo, o
que não diminuiu a violência.
Voltando a câmara,
depois da derrota na primeira votação, o presidente da casa, Eduardo Cunha,
utilizou um artifício burocrático que permite votar novamente o texto original,
ou seja, ele fez a votação no dia 30 como um termômetro, pois no dia seguinte
foi aprovado o texto original. A direita se utilizou da primeira votação para
realmente verificar quem eram os partidos que poderiam mudar de posição e assim
votar a favor da redução da maioridade penal. Isso aconteceu com 28 deputados.
Então entendemos que não podemos confiar nesse Estado burguês, Estado
gerenciado pelos ricos, empresários, latifundiários e banqueiros. Nossa construção
deve ser na rua, nas fábricas, nas escolas, nas universidades, em todos os
espaços de lutas populares, construindo, assim, um verdadeiro bloco organizado
para destruirmos o estado nos moldes que ele está. A sociedade só mudará quando
não existirem mais esses paradigmas burgueses e classes sociais. Porém
acreditamos sim, que devemos de forma imediata combater essa injustiça! A
violência social só diminuiu onde se investe tempo e dinheiro na prevenção ao
crime, sobretudo na educação, na atenção permanente à juventude, na criação de
perspectivas de vida para adolescentes, no engajamento dos jovens nas
atividades de construção de uma sociedade justa e equilibrada, numa política de
massas focada nas novas gerações e em formas renovadas de convivência na
sociedade.
Por fim, acreditamos
que o processo educacional capitalista também deflagra a exorbitante
desigualdade social e também devemos remodela-lo, não acreditamos no cárcere
como solução, tão menos que a redução pode trazer alguma vantagem à população,
achamos sim, que a juventude deve ter espaço a cultura e educação, e que só em
outro sistema político, onde as bases sejam o poder popular, pode-se existir
oportunidades igualitárias entre todxs, não criamos falsas ilusões no
parlamento e nos partidos que lá estão, acreditamos que só uma forte unidade
formada pelos setores trabalhadores e de esquerda ocupando as ruas podem barrar
a redução. Deixem a juventude solta, deixem a juventude se expressar, deixem a
juventude sonhar, que o mundo de amanhã será formado pelos jovens de hoje, e
nossos sonhos não serão encarcerados!
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