terça-feira, 28 de julho de 2015

Plantando senso critico

A ARPJ vem desenvolvendo trabalhos com a Escola Comunitária Municipal Leonardo Boff, uma escola de pedagogia libertária de período integral da ocupação ás margens da rodovia BR-040 no bairro do contorno, em Petrópolis. Um dos trabalhos desenvolvidos é uma horta orgânica para a escola e para a comunidade. Integrantes da ARPJ vão à escola uma vez por semana usando um tempo da aula à tarde para realizar atividades com as crianças relacionadas à horta. A escola já possui um trabalho bem forte em cima de meio ambiente, o que é admirável. Realizam projetos para o entendimento do solo, da água, fazem visitas às reservas e participam de eventos. As crianças mexem na terra e plantam mudas doadas à escola. Em sala, são trabalhados assuntos como poluição, desmatamento, inseticidas, alimentação, transgênicos, lixo e compostagem.
            No primeiro contato com xs alunxs, as turmas do 3°, 4° e 5° anos foram levadxs à horta para observarem as mudas já plantadas e todos os seres vivos que participam desse ecossistema. Foi explicado a importância de não se usar agrotóxicos e inseticidas industrializados pois o que é pulverizado nas plantas acaba sendo ingerido pelos animais e por nós. Partindo disso, foi feita uma crítica a latifúndios e grandes empresas do agronegócio que exorbitam no uso desses venenos já que seu maior interesse é o lucro e não a saúde ou o bem estar dxs consumidorxs.
            Nesse primeiro contato não houve maior interação das crianças com a horta pois notaram que uma colônia de formigas estava atacando as mudas e, como tarefa de casa, sugerimos que pesquisassem maneiras de solucionar o problema. Uma aluna trouxe na semana seguinte a receita de um repelente de insetos orgânico, que foi feito posteriormente e aplicado. Com a situação das formigas resolvida, foi feito um novo canteiro e as crianças, então, puderam plantar mais mudas que a escola havia recebido como doação. Hoje, há mudas plantadas de alface, rabanete, cebolinha, couve, espinafre e salsa.
            Em sala, falamos sobre alimentos transgênicos e suas consequências socioambientais. Primeiro, como o alimento transgênico é algo recente, não há pesquisas suficientes sobre seus efeitos em longo prazo para x consumidxr. Multinacionais do agronegócio, como a Monsanto (corram pras colinas), estabelecem monopólios com os produtores, pois suas sementes transgênicas só se desenvolvem com o uso do agrotóxico da própria Monsanto. Além disso, ao fazer a colheita, x agricultxr é proibidx de plantar sementes de sua safra, sendo obrigadx a comprar novamente as sementes da multinacional, e portanto o agrotóxico também.
Não acaba por aí. Muitxs pequenxs agricultorxs sofrem com esse ciclo pois, apesar de optarem por sementes naturais, suas plantas são polinizadas por material genético transgênico que vem das grandes plantações próximas. Isso significa que as novas sementes colhidas terão características transgênicas e só se desenvolverão com o uso dos agrotóxicos da empresa. Isso vem acontecendo com plantações de milho de nativxs mexicanxs que estão perdendo suas safras. Como se isso já não fosse dano suficiente, a Monsanto também é responsável por detrimentos severos à saúde dxs trabalhadorxs que têm contato direto com os agrotóxicos (que são de fato bem tóxicos), além dxs filhxs estarem altamente susceptíveis a nascerem com deficiências diversas. Como dito por Vandana Shiva, “Os transgênicos estão atolados em controvérsias pois sua introdução na sociedade é fudamentada na violação da lei, da democracia e da ciência.”

            Esse trabalho, portanto, tem a intenção de mostrar às crianças que nossas ações têm reações, consequências para nós e para o mundo, e que elas podem ser tanto positivas quanto negativas. A importância desse trabalho é de formar pessoas eco e sócio-conscientes com senso crítico e noção das divisões de classe presentes na sociedade.


sexta-feira, 10 de julho de 2015

Petrópolis e o transporte público

CRISE DO SISTEMA DE TRANSPORTE PÚBLICO

    Em Petrópolis, como na maioria das cidades brasileiras, o modelo de transporte público (MTP) sofre um desgaste. Quando afirmamos que há esse desgaste é devido a observação na realidade objetiva:
       I – O modelo econômico depois da II Guerra baseou-se no sistema financeiro e tal modelo não mais permite o capitalismo se renovar. Inicialmente o capitalismo apresentou-se como uma alternativa histórica para aumentar as forças produtivas da sociedade, no feudalismo a produção era apenas de subsistência, produzindo pouco excedente. No capitalismo uma das características é a produção de mercadorias, ou seja, as forças produtivas do capitalismo permitem produzir mais que do que a sociedade necessita. Na fase do capitalismo financeiro, onde o sistema financeiro determina a produção, os banqueiros concentram um capital móvel tão volumoso e protegido pelo estado burguês que estes podem definir quais ramos da produção 'merecem' ser fomentados. O grande problema do capitalismo financeiro é a concentração de capital de forma a não produzir recursos para sociedade. No capitalismo, o capital, gerado pela exploração do trabalho produtivo, deveria voltar para desenvolver as forças produtivas, mas atualmente o capital acumula-se no sistema financeiro. 
      Por que descrever o capitalismo financeiro para falar de transporte público? Pois no Brasil, o lucro do MTP é idêntico ao modelo imposto pelos bancos. Esse modelo não está baseado na extração de mais-valia dos empregados, mas fundamentado na quantidade de capital acumulado: O banco empresta para uma empresa um montante de capital e recebe desse montante mais um porcentual do mesmo. Mas esse porcentual tem que vir de algum lugar; não é uma ideia, é uma quantidade real, então qual a origem desse percentual? Esse percentual, sim, vem da exploração da mais-valia: Uma indústria pega capital móvel de um banco, transforma-o em capital fixo, comprando meios de produção, matéria prima e pagando mão de obra, assim gera mercadoria e as vende voltando a ter capital móvel, porém em uma forma superior. Mas isso não gera capital per si, o capital é gerado, tomando uma parcela da diferença entre a venda das mercadorias, e os custo para produzi-la (soma dos custos da aquisição dos meios de produção, da matéria-prima e da mão de obra). A diferença é gerada pelo pagamento subestimado da mão de obra, ou seja, há uma parcela da mão de obra (uma quantidade de trabalho utilizada no processo de produção) que deveria voltar para o proletariado, mas fica com os proprietários dos meios de produção. Então, agora tem-se o capital necessário para pagar a parte de capital emprestado mais o percentual que exigido pelos bancos, além da parte necessária para renovar as forças produtivas.
      E o transporte público brasileiro?
   Da mesma forma que o sistema financeiro do MTP busca uma parte da mais-valia gerada no trabalho produtivo. Os capitalistas do sistema de transporte público (STP) recebem no Brasil até 12% do capital investido. Quando é feito o cálculo da tarifa são postos todos os custos da empresa:
  1) todo custo da mão de obra, desde o salário dos motoristas, cobradores e mecânicos, até o pagamento da diretoria da empresa, aqui soma-se os encargos sociais;
 2) matéria-prima (combustíveis, lubrificantes, peças da oficina, pneus, etc.).
 3) depreciação do capital (é posto um percentual do capital - preço dos veículos, máquinas, instalações e equipamentos) na tarifa para que não haja diminuição do capital, pois há depreciação natural no desgaste desse capital fixo;
 4) e, por fim, é posto na tarifa um porcentual de até 12% sobre o valor dos veículos (bilhetagem eletrônica, almoxarifado, máquinas e instalações).
   Com esse modelo não há necessidade do MDT se tornar eficiente (mesmo dentro do capitalismo), pois basta aumentar capital para ter mais lucro. Não é necessária a redução de custos no momento do cálculo tarifário, porém, depois de calculado, ela se faz de modo a precarizar o sistema, demitindo os cobradores e acumulando nos motoristas a dupla função, sem a devida remuneração. Então quanto mais precário o sistema maior é o lucro; quanto menos eficiente o sistema de transporte melhor é para os empresários, pois se houver congestionamentos em que os veículos ficam parados as empresas 'resolvem o problema' colocando mais veículos e assim aumentando o capital investido, consequentemente, maior lucro. Além do fato de que, mesmo que os veículos tenham idade superior a 10 anos (como no caso de Petrópolis), continuam a receber remuneração sobre o capital investido, fazendo com que a frota seja antiga e de péssima qualidade. Então, na faceta usuário, MTP e acúmulo de capital, fica claro o desgaste que o STP apresenta em nível nacional.
   II – Há um aumento significativo no número de greve dos rodoviários, apresentando também o desgaste do STP, porém essa faceta possui outra origem. A origem da faceta “empresa x empregado” é muito mais complexa do que um problema estrutural do MTP. Pois esse desgaste possui uma forte conexão com a crise do modelo econômico. No item I) podemos apresentar algumas características bem específicas do MTP brasileiro, porém as greves não têm origem nesse modelo, e sim bases diretamente ligadas à crise estrutural do capitalismo, que está deflagrada na sociedade como um todo. Claro que as greves sofrem influências do MTP brasileiro, que cria um ambiente em que se evidencia a contradição “usuário x empresa”, e com isso põem em cheque o atual modelo, mas as greves e reivindicações apresentam a crise entre os trabalhadores com os empresários do STP. A precarização dos salários de todos os trabalhadores brasileiros está se evidenciando, não é diferente entre os trabalhadores das empresas de transporte público.



PETRÓPOLIS

   Em Petrópolis não pode ser diferente da maioria das cidades brasileiras, já que o MTP não apresenta diferenças estruturais. Podemos afirmar que, dentro da burocracia burguesa, Petrópolis está à frente de muitas cidades brasileiras, mas isso não significa que o STP petropolitano é melhor. Na cidade, anualmente é apresentado para o Conselho Municipal de Transito e Transporte (COMUTRANS), uma planilha de custos, juntamente com o pedido de reajuste da tarifa, e também a Empresa de trânsito de Petrópolis (CPTrans), faz uma planilha com base nos dados fornecidos pelas empresas (quantidade de passageiros, consumo de combustível, etc.), bem como dados obtidos no mercado (preço dos veículos, preço dos combustíveis). Aqui é um exemplo de que está mais 'à frente' de muitos municípios, pois na maioria das cidades as tais planilhas não existem ou não são divulgadas, ficando apenas com a burocracia estatal-burguesa.
    Nos últimos anos, os valores da tarifa foram reajustados conforme a planilha da CPTrans, mas não podemos ter a ilusão de que ela impõe sua vontade 'técnica' às empresas, pois há um diálogo entre essas duas forças (CPTrans na figura do poder executivo de Petrópolis e os empresários dos transportes públicos) de forma a satisfazer os caprichos da burguesia. 
    Sem análise de peso moral, podemos ver na atuação da CPTrans o caráter de classe do estado (município), pois mesmo havendo um conselho (COMUTRANS), para discutir sobre o reajuste, quem decide de fato são as empresas com o suporte 'técnico' do município (CPTrans), pois os membros do conselho não possuem recursos para verificar de forma profissional a legitimidade das planilhas e nem possuem competência técnica para entendê-las na sua totalidade. 
   O município, com sua expressão explicita de classe, busca fazer do conselho um instrumento para esconder o real poder que a burguesia tem sobre a sociedade. Com a apresentação das planilhas de custo das empresas o conselho com sua fragilidade e incompetência (não pejorativamente, mas na capacidade prática), serve como um meio para atrapalhar a busca real da solução do problema no STP em Petrópolis, serve como um instrumento para dizer que há espaço para sociedade civil organizada participar e decidir, porém de fato é uma ilusão, como toda 'democracia burguesa'. As empresas e o governo possuem um número majoritário de cadeiras no conselho, e como a face do governo é a face da burguesia, a sociedade civil possui pouca expressão. O conselho funciona como uma fumaça, que quando a população de fato se aproxima do problema, sua possibilidade de enxergar fica comprometida, pois a visibilidade fica comprometida pela barreira burocrática. 
    Porém, um fato novo se apresentou: a contradição “usuário x empresa” e “empregado x empresa”, chegou a um ponto insustentável. Culminando na greve de 2014 e nas manifestações em 2014-2015, em relação ao aumento do valor da tarifa, o Estado burguês e as empresas, então como solução ortodoxa e burocrática fizeram um grupo mais reduzido, com participação dos membros do COMUTRANS interessados em 'resolver' o problema. Ou seja, a CPTrans (representando o corpo 'técnico' da burocracia municipal) e os empresários. Agora o mundo é perfeito, a burguesia e o governo podem decidir, pois de fato são quem conhecem a dinâmica do STP em Petrópolis e possuem interesses em comum: manter a ordem capitalista e a governabilidade (não agravar a crise) estrutural e posteriormente levar para o COMUTRANS as resoluções e o conselho, sem possibilidade de compreender o real interesse, aprova as resoluções. 
     Cabe ressaltar que o usuário do STP não o utiliza porque quer, ou considera uma forma otimizada, o faz porque é o meio mais econômico para ele, e como normalmente quem utiliza o STP são trabalhadores, ou a camada mais fragilizada, não há opção. Quem usa, o faz porque precisa, e não por escolha. Como saída para uma crise, o que faz o sistema burguês? Explora quem tem mais fragilidade, os usuários. Pois atualmente o grupo de discussões busca formas de acabar com as 'fraudes', como por exemplo um trabalhador que estuda à noite recebe o direito de utilizar duas passagens por dia e com a bilhetagem eletrônica, notou-se que este usuário utiliza a passagem às 7:00h e às 17:00h, logo esse cidadão está utilizando o vale transporte estudantil para ir e voltar do trabalho e, como a escola é próximo a sua casa, pode ir caminhando sem a necessidade de embarcar num ônibus, esse exemplo foi retardado como uma fraude no sistema, pense o caráter de exploração que está embutido nessa lógica. A solução no sistema burguês sempre é a austeridade. A discussão atual são novas formas de fiscalização para que o sistema de pagamento da tarifa seja menos fraudulento. Esse é o caráter conservador que o capitalismo no nível atual apresenta. 
     Deveríamos buscar formas de diminuir custos e de melhorias na operação com o intuito de aperfeiçoar para o usuário a utilização do transporte público. Uma forma que mesmo sendo reformista, merece ser apresentada é a que deveríamos ter um sistema onde não houvesse catraca, ou seja, não seria pago pelo usuário no momento da utilização. Considero reformista se não destruir as amarras que esse modelo pode apresentar com o capitalismo, pois podemos encontrar uma forma que a contradição “usuário x empresa” seja transferida para “usuário x estado”, fazendo o estado cobrar impostos e depois repassar para empresas, sem de fato abalar as estruturas do capitalismo, pois assim elas continuariam a possuir lucros, mas agora sem os conflitos gerados pela contradição que há ao cobrar a tarifa individualmente; mesmo assim, a proposta é muito válida no sentido de otimizar o processo, diminuindo custos na operação e permitindo que os trabalhadores do STP possam trabalhar menos horas por dia, transferindo os cobradores para a função de motorista, mantendo o número de profissionais e diminuindo o número de horas trabalhadas, mas para que isso aconteça é necessário uma ruptura, aqui há uma postura revolucionária, ou seja, entendemos que é necessário uma nova forma de gestão das empresas, onde a remuneração do capital não tenha como objetivo o acúmulo de capital, mas a aplicação de desenvolvimento das forças produtivas, remunerando melhor os trabalhadores e buscando formas melhores para os usuários. 
    Entendemos que um modelo onde os trabalhadores e a comunidade (usuários) detêm o controle do STP, será de fato a saída para a crise que há atualmente, pois rompe com o item I), buscando formas de atualizar o MTP, de forma a romper com as estruturas advindas da especificidade do transporte público, e do item II), pois busca uma saída para novas formas de organização econômica da sociedade, um modo socialista de se pensar a economia, e as necessidades da população. Pensamos que o controle da empresa não pode estar na mão de quem detêm o capital, mas de quem trabalha, e de quem utiliza o recurso. O controle deve estar na mão do povo

Redução da maioridade penal.

    No dia 30 de junho foi votada na câmara de deputados uma emenda aglutinativa referente à redução da maioridade penal. Nesta oportunidade, movimentos de estudantes e movimentos de esquerda se organizaram para comparecer na “casa do povo” e fazer pressão popular. Houve a votação e a emenda não foi aprovada, pois para que seja feita uma alteração na constituição é necessário mais de 60%, quantidade que não foi alcançada. Foi perceptível que a maioria dos deputados estavam  favoráveis a redução da maioridade penal, mas por que não podemos aceitar essa redução? Vamos comentar um pouco sobre isso para depois apresentar a manobra que o presidente da câmara de deputados, Eduardo Cunha, articulou. A redução da maioridade penal, busca prender um grupo específico da sociedade brasileira, os adolescentes negros e pobres. Pois a juventude que mais sofre com a deficiência do acesso à educação, à cultura e ao lazer é a juventude das periferias, que em maioria são compostas por negros. Os ricos são os ditam para os políticos as regras que eles querem, os poderosos não têm escrúpulos nem compromisso com valores da solidariedade. Suas ideias propõem combater a violência, fruto da miséria humana, com a violência institucionalizada. Isso é tão antigo quanto as sociedades dividas em classes. A mídia onipresente e burguesa no Brasil procura impor a ideia de que o encarceramento é solução para combater a violência, mas quando perguntam a população sua opinião sobre os presídios, não há uma resposta que considere que o sistema carcerário no Brasil seja algo positivo ou recuperador. Então por que prender um adolescente? Temos que criar a partir da realidade as soluções, ou seja, dado que os presídios (reclusão) não alcançam uma alternativa temos que desenvolver outras formas, partindo da ideia de que a juventude que seria encarcerada já é uma juventude que nasce excluída da sociedade capitalista. Achamos então que o investimento em cultura, lazer, educação, profissionalização, podem vir a servir de incentivo à juventude, para que não tenhamos adolescentes com potência de se tornarem vítimas das mazelas da atual sociedade capitalista, ou seja, tornarem-se criminosos. Devemos buscar formas de resolver os problemas de formas objetivas, acabando com o que dá origem a criminalidade, porque a redução da maioridade penal e o encarceramento não são medidas resolutivas, levando em consideração o número de reincidência dos ex-presidiários. É ilusão achar que teremos a diminuição da violência resolvendo o efeito, temos que buscar resolver o gerador da criminalidade. A desigualdade econômica tem uma forte influência. Podemos ver que os países com maior índice de disparidade social são os mesmos que detém o maior índice de criminalidade, portanto nossa luta deve ter como norte uma ofensiva para acabar com a escravidão assalariada em que os ricos nos impõem, não podemos ter a falsa ilusão que dentro do atual modelo, onde os ricos exploram os trabalhadores, encontraremos uma saída advinda dos problemas que os próprios ricos construíram para os trabalhadores, não! É exatamente ao contrário. A redução da maioridade penal não vai diminuir a violência, há países que crianças com 12 anos podem ir para prisões e nesses países os índices são proporcionalmente comparáveis aos índices brasileiros, vale lembrar que o Brasil está entre os cinco países com os maiores números de presos do mundo, o que não diminuiu a violência.
    Voltando a câmara, depois da derrota na primeira votação, o presidente da casa, Eduardo Cunha, utilizou um artifício burocrático que permite votar novamente o texto original, ou seja, ele fez a votação no dia 30 como um termômetro, pois no dia seguinte foi aprovado o texto original. A direita se utilizou da primeira votação para realmente verificar quem eram os partidos que poderiam mudar de posição e assim votar a favor da redução da maioridade penal. Isso aconteceu com 28 deputados. Então entendemos que não podemos confiar nesse Estado burguês, Estado gerenciado pelos ricos, empresários, latifundiários e banqueiros. Nossa construção deve ser na rua, nas fábricas, nas escolas, nas universidades, em todos os espaços de lutas populares, construindo, assim, um verdadeiro bloco organizado para destruirmos o estado nos moldes que ele está. A sociedade só mudará quando não existirem mais esses paradigmas burgueses e classes sociais. Porém acreditamos sim, que devemos de forma imediata combater essa injustiça! A violência social só diminuiu onde se investe tempo e dinheiro na prevenção ao crime, sobretudo na educação, na atenção permanente à juventude, na criação de perspectivas de vida para adolescentes, no engajamento dos jovens nas atividades de construção de uma sociedade justa e equilibrada, numa política de massas focada nas novas gerações e em formas renovadas de convivência na sociedade.

    Por fim, acreditamos que o processo educacional capitalista também deflagra a exorbitante desigualdade social e também devemos remodela-lo, não acreditamos no cárcere como solução, tão menos que a redução pode trazer alguma vantagem à população, achamos sim, que a juventude deve ter espaço a cultura e educação, e que só em outro sistema político, onde as bases sejam o poder popular, pode-se existir oportunidades igualitárias entre todxs, não criamos falsas ilusões no parlamento e nos partidos que lá estão, acreditamos que só uma forte unidade formada pelos setores trabalhadores e de esquerda ocupando as ruas podem barrar a redução. Deixem a juventude solta, deixem a juventude se expressar, deixem a juventude sonhar, que o mundo de amanhã será formado pelos jovens de hoje, e nossos sonhos não serão encarcerados!

sexta-feira, 3 de julho de 2015

Corrupção

Hoje no Brasil, há uma discussão que coloca o problema de todo do modelo econômico no governo, dizendo que o problema está na corrupção dos gestores do estado. Criando para o senso comum uma explicação suficiente. Esta questão deve ser aprofundada, pois a corrupção realmente é um problema, mas sua origem realmente se encontra na “má conduta” dos gestores ou possuir fundamentos na estrutura econômica? A corrupção não é a doença que deve ser destruída ela é o sintoma. Quando estamos com dor e vamos ao médico este receita um remédio para aliviar a dor, mas depois passa uma bateria de exames para procurar a origem da dor, ou seja, a corrupção surge como o sintoma do capitalismo, a corrupção é fruto do um sistema econômico de classes, pois para manter a estrutura de poder da classe dominante tal classe utiliza-se de meios chamados corruptos, pagando propina para ganhar licitações, para destruir a concorrência, etc. Então não basta defender o fim da corrupção temos que defender o fim do estado de classes, temos que destruir a doença.
Os animais (pois não há outro adjetivo para queles animais que não utilizam a racionalidade) mais convictos em defender que o problema está na corrupção são os liberais. Este ideólogos burgueses pregam (só com pregação, pois tem que ter muita fé pra acreditar em tais falacias) que o livre mercado é capaz de regular e que a corrupção é fruto do estado.
Nos momentos de crises do capitalismo os liberais saem para fora de suas tocas e começam a soltar frases soltas para criticar o estado sem compreender o real papel do estado, o estado não tem por objetivo conciliar as classes, mas criar ferramentas para classe dominante legitime sua posição sem que haja o conflito direto entre as duas classes em contradição (no atual estágio de desenvolvimento das forças produtivas o proletariado e a burguesia). Então como o estado serve de ferramenta para burguesia enfumaçar a luta de classe, não deixando-a evidente, em momento de crise o problema não recai sobre a verdadeira culpada da crise           (burguesia), mas recai sobre o estado. Mesmo estes ideólogos burgueses não querem o fim do estado eles apenas defendem que o estado não interfira nos seus interesses (estado mínimo), mas retirando os fatos da realidade a burguesia necessita do estado mesmo nos momentos de crise, como foi o caso da última crise em 2008 e que perdura até hoje, 2015, pois o estado teve que “dar“ dinheiro para os bancos e grandes empresas, no Brasil, a GM ganho milhões do governo e enviou como lucro para seu paí de origem, USA.
Mas então, os liberais não tem nem a capacidade de tirar da realidade seu objeto de estudo. Eles apenas ACHAM e com achomêtro fazem teorias. Um exemplo que se apresenta na atualidade de que a corrupção não é consequência do estado e sim um sintoma do sistema burguês é a Federação internacional de futebol - FIFA. Na Federação está presente a corrupção e não são com as nações que está tendo o problema de corrupção. A corrupção da FIFA está associada a superfaturamento de estádios, da venda  de direitos de imagem..., ou seja, uma instituição não governamental está envolvida com a corrupção. Além disso outras associações estão envolvidas como é o caso da Confederação Brasileira de Futebol – CBF. A FIFA utilizasse de seu poder internacional como uma grande empresa multinacional para intervir e impor sua vontade, como vimos no caso brasileiro de leis serem aprovadas porque era de interesse econômico da FIFA, um exemplo é a venda de cervejas nos estádios, pois a Heineken é uma das principais patrocinadoras da FIFA.
Vejam a tolice dos liberais em defender um estado mínimo, se uma grande impressa muda as leis de um estado de forma direta e arbitrária, um estado que não tenha autonomia política e econômica sempre continuará refém da grandes empresas (burguesia), impossibilitando a transformação do estado burguês para um estado operário, pois o estado mínimo permitirá que os interesses da burguesia se perpetue. Por tal, a defesa desses ideólogos burgueses deve ser combatida com fervor e convicção revolucionárias de que esse grupo não passa de um bando descomprometido com o interesse dos trabalhadores.

O combate à corrupção deve ser feito observando a realidade, a corrupção  surge como uma consequência do pensamento individualista que coloca que cada um deve ser melhor que as pessoas a sua volta, pois isso o tornaria realizado, vitorioso na vida. Tendo mais dinheiro implica que tu é mais vitorioso, culminando em atos corruptos. No atual estágio de organização da burguesia a corrupção não é mais uma característica apenas de nível pessoal é sistêmica, está engendrada na forma de organização burguesa para manutenção do poder das empresas (lobby). Temos que combater a corrupção em todos os níveis pessoal e nas organizações, mas sempre consciente que só poderemos “acabar” com a corrupção quando os operários estiverem no poder do Estado construindo novas formas de organização proletária, acabando com os vícios burgueses e pequeno-burgueses existentes na atual sociedade.     

Sobre o estado contemporâneo.

  Sobre o estado contemporâneo .
O estado contemporâneo é um organismo extremamente repressivo, que, diante de nossos olhos, executa jovens negros nas comunidades do Brasil, que prende varejistas da venda de drogas e se alia aos grandes barões do tráfico, o mesmo que reprime movimentos sociais e prende os militantes que lutam por um mundo melhor. Cotidianamente o estado se faz presente em nossas vidas, seja nos privando de qualquer tipo de liberdade, individual ou coletiva, que afete suas normas, que tem uma logística de defender uma classe: a burguesia, ou seja, se esquivando de suas obrigações, não respeitando os direitos básicos os quais o povo não só merece, mas tem direito. Para manter o capitalismo nessa logica atual, foi necessário o estado fazer variadas PPPs¹. Dessa maneira, prejudica-se cada vez mais a vida do trabalhador, aumentando os lucros empresariais e fazendo com que as crises apenas afetem as camadas mais vulneráveis da população, defendendo os aliados da classe patronal e permitindo que monopolizem a economia. O estado investe em tecnologia, não em prol da população, mas com claras tentativas de alienação do povo, inovando cada vez mais em materiais de consumo, uma nova tv, um novo celular, e nos fazendo acreditar em suas falácias de que esses são bens necessários para vivermos, instaurando uma sociedade em que, através das propagandas, nos obriga a consumir. Uma nova artimanha usada com mais perspicácia nesse estado contemporâneo é o jogo eleitoral: aproximar de você o máximo possível o futuro representante do estado durante o período de eleições parlamentares e executivas, na tentativa de fazer-nos crer que somos próximos do estado pelo ultra democratismo, e pela opção de nos representarmos a partir de uma escolha nossa. Porém, a contradição logo se esboça no período pós-eleitoral, quando tudo volta à normalidade e o estado vai se afastando cada vez mais e mais do povo e de suas necessidades essenciais, demonstrando o administrador do estado capitalista apenas como uma caricatura, que possui as peças do tabuleiro, que são movidas pelos financiadores de sua campanha.
O estado contemporâneo do século XXI segue a perspectiva da ideia do regime para Lênin em "O estado e a revolução" um aparelho que deixa nítida a inconciliação entre as classes sociais, servindo para controlar os antagonismos entre estas, usando da burocracia e do militarismo para defender a que detém o poder do estado, a burguesia. O governo inova em alguns sentidos, contudo continua o mesmo, utilizando de suas velhas cartas marcadas: forças armadas e prisões. Portanto quem recorre à violência, buscando a ruptura com o mesmo, é apartado e duramente agredido pelo aparato armado, quem desrespeitar as leis de favorecimento burguês é enclausurado em uma jaula. Pior ainda: em um sistema carcerário que nitidamente é precarizado e abandonado pelo aparelho estatal, os estadistas do poder brandam possuir a solução para tal problema, “privatização dos presídios”. Esquece-se que a responsabilidade das prisões é desses mesmos senhores e presídios não podem ser negócios para obtenção de lucros financeiros, nem podem ser mais humanizados. Presídios devem ser destruídos, pondo em prática um processo sócio educativo totalmente estatal para uma verdadeira reinserção social dos presos. Afinal, todo preso é um preso político.
O estado - como dito nos parágrafos anteriores, se inovou -, continua sendo, portanto, o mesmo que Lênin descreveu. Por conseguinte, os meios de sua tomada serão pela revolta do povo, apenas, destruindo as mediações entre estado x população, administradas pelos gestores burgueses do estado, tomando assim, o poder dele e colocando-o na mão dos trabalhadores. Poderemos ter um estado realmente democrático, justo o qual, cotidianamente, se preocupe com sua população.
A ideologia burguesa infringe a leis constantemente e desacata qualquer tipo de direito humano. Essa ideologia é hoje a dominante, se infiltra até mesmo em nossa cultura popular, lucrando com esta. Basta analisarmos o objetivo hoje do samba e do funk. Se não para uma politica inovada - embora ainda assim de pão e circo -, dando lucro aos investidores e patrocinadores na mesma cultura, a qual já foi do povo, e exercia um belíssimo papel de resistência, essa ideologia é a dominante hoje no estado. Só entendendo que as contradições vistas do todo, estão não apenas em particularidades do estado, mas interiorizadas em pequenas parcelas estatais e exteriorizadas entre o grotesco abismo entre as classes sociais.
Crer na revolução é algo totalmente belo e louvável, mas entender as contradições e o funcionamento do estado é o primeiro passo. É crucial para podermos, enfim, buscar a total eliminação dos paradigmas da sociedade burguesa, derrubando-a, e, assim, construindo e fortalecendo o estado operário, como libertação do povo das amarras as quais o estado contemporâneo criou. 
Os parlamentaristas nos dirão: “não se revoltem”, “não façam atentados”, “não usem da violência”. Por fim: “usem do voto”. Entretanto, o voto apenas serve para manter a ideologia burguesa dominante no poder do estado. Devemos quebrar essas barreiras e construir um estado do povo para o povo e pelo povo. Dessa forma imensurável será nossa vitória, construída dia após dia. Não nos abateremos, não acreditaremos nas falácias burguesas e nas conspirações pequeno burguesas, de deturpadores do marxismo. O estado não tem um intermédio de reformas e a ideologia burguesa não é dialogável. Somente a ruptura total com esses paradigmas pode nos garantir a vitória do poder popular. O estado contemporâneo modificou-se, mas nós também, aprenderemos com os erros cometidos no passado, para que assim possamos criar esse novo mundo, livre das classes sociais e de todos os tipos de opressão. Venceremos!