terça-feira, 28 de julho de 2015

Plantando senso critico

A ARPJ vem desenvolvendo trabalhos com a Escola Comunitária Municipal Leonardo Boff, uma escola de pedagogia libertária de período integral da ocupação ás margens da rodovia BR-040 no bairro do contorno, em Petrópolis. Um dos trabalhos desenvolvidos é uma horta orgânica para a escola e para a comunidade. Integrantes da ARPJ vão à escola uma vez por semana usando um tempo da aula à tarde para realizar atividades com as crianças relacionadas à horta. A escola já possui um trabalho bem forte em cima de meio ambiente, o que é admirável. Realizam projetos para o entendimento do solo, da água, fazem visitas às reservas e participam de eventos. As crianças mexem na terra e plantam mudas doadas à escola. Em sala, são trabalhados assuntos como poluição, desmatamento, inseticidas, alimentação, transgênicos, lixo e compostagem.
            No primeiro contato com xs alunxs, as turmas do 3°, 4° e 5° anos foram levadxs à horta para observarem as mudas já plantadas e todos os seres vivos que participam desse ecossistema. Foi explicado a importância de não se usar agrotóxicos e inseticidas industrializados pois o que é pulverizado nas plantas acaba sendo ingerido pelos animais e por nós. Partindo disso, foi feita uma crítica a latifúndios e grandes empresas do agronegócio que exorbitam no uso desses venenos já que seu maior interesse é o lucro e não a saúde ou o bem estar dxs consumidorxs.
            Nesse primeiro contato não houve maior interação das crianças com a horta pois notaram que uma colônia de formigas estava atacando as mudas e, como tarefa de casa, sugerimos que pesquisassem maneiras de solucionar o problema. Uma aluna trouxe na semana seguinte a receita de um repelente de insetos orgânico, que foi feito posteriormente e aplicado. Com a situação das formigas resolvida, foi feito um novo canteiro e as crianças, então, puderam plantar mais mudas que a escola havia recebido como doação. Hoje, há mudas plantadas de alface, rabanete, cebolinha, couve, espinafre e salsa.
            Em sala, falamos sobre alimentos transgênicos e suas consequências socioambientais. Primeiro, como o alimento transgênico é algo recente, não há pesquisas suficientes sobre seus efeitos em longo prazo para x consumidxr. Multinacionais do agronegócio, como a Monsanto (corram pras colinas), estabelecem monopólios com os produtores, pois suas sementes transgênicas só se desenvolvem com o uso do agrotóxico da própria Monsanto. Além disso, ao fazer a colheita, x agricultxr é proibidx de plantar sementes de sua safra, sendo obrigadx a comprar novamente as sementes da multinacional, e portanto o agrotóxico também.
Não acaba por aí. Muitxs pequenxs agricultorxs sofrem com esse ciclo pois, apesar de optarem por sementes naturais, suas plantas são polinizadas por material genético transgênico que vem das grandes plantações próximas. Isso significa que as novas sementes colhidas terão características transgênicas e só se desenvolverão com o uso dos agrotóxicos da empresa. Isso vem acontecendo com plantações de milho de nativxs mexicanxs que estão perdendo suas safras. Como se isso já não fosse dano suficiente, a Monsanto também é responsável por detrimentos severos à saúde dxs trabalhadorxs que têm contato direto com os agrotóxicos (que são de fato bem tóxicos), além dxs filhxs estarem altamente susceptíveis a nascerem com deficiências diversas. Como dito por Vandana Shiva, “Os transgênicos estão atolados em controvérsias pois sua introdução na sociedade é fudamentada na violação da lei, da democracia e da ciência.”

            Esse trabalho, portanto, tem a intenção de mostrar às crianças que nossas ações têm reações, consequências para nós e para o mundo, e que elas podem ser tanto positivas quanto negativas. A importância desse trabalho é de formar pessoas eco e sócio-conscientes com senso crítico e noção das divisões de classe presentes na sociedade.


Nenhum comentário:

Postar um comentário